Maria Constança Carneiro Galvão tem a classe, firmeza e elegância de Margareth Thatcher. Mas não é uma dama de ferro.
Exemplo como a primeira-dama e pioneira como a inglesa que marcou história, Constança é uma referência na área contábil na Bahia. Numa época na qual as mulheres supostamente deveriam se dedicar ao lar, ela se aventurou nos números e no mundo corporativo implacável dos anos 80.
Desde cedo muito íntima com a Matemática, entrou como estagiária e chegou à diretora financeira da Coelba, companhia de energia até então de gestão estatal.
– Você sofreu muito preconceito? Perguntei a ela durante meu programa “Extraordinário”, aos sábados na Rádio Excelsior FM aqui da Bahia (*).
– Estamos falando de 30 anos atrás, o que você acha? Ela responde, dando uma sonora gargalhada.
Ao se aposentar, aos 50 anos, ela não parou.
Decidiu empreender e abriu a sua própria empresa de contabilidade. Aos 56, descobriu um câncer de mama. Enfrentou com o misto de altivez e doçura. Acompanhou a queda do cabelo loiríssimo. Uma dor pra qualquer mulher. Quando curada, o cabelo voltou platinado. Branco. Impecável.
E decidiu mantê-los assim: pra lembrar da vitória.
Hoje, aos 70 anos, Maria Constança tem a sabedoria e a vitalidade de uma jovem. Num vasto currículo de quatro páginas, além de empresária, é diretora da Associação Comercial da Bahia, membro da Câmara da Mulher Empresária, conselheira e consultora de dezenas de instituições. No mais, ama, sobretudo, ser esposa, mãe e avó.
Participou de meu programa ao lado de Gigi Octave, uma referencia em pole dance. Confesso que fiquei receosa com a combinação. Para minha surpresa e alegria, ela adorou o assunto. Detalhe: as duas tinham as unhas pintadas de azul.
Não sei vocês, mas, como o tempo não para, quero ser Constança quando crescer.
(*) Fonte: Texto da jornalista Carla Araújo, publicado em 18/08/2019, em